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Quem é Cyril Ramaphosa, o presidente da África do Sul encurralado por Trump

Quem é Cyril Ramaphosa, o presidente da África do Sul encurralado por Trump

Cyril Ramaphosa, 72, presidente da África do Sul, reuniu-se nesta quarta-feira (21) com Donald Trump, dos Estados Unidos. É o primeiro líder africano e negro a visitar a Casa Branca no segundo mandato do republicano.

Eleito pela primeira vez em 2018 para comandar o país, Ramaphosa foi reconduzido ao cargo em 2024. Sua reeleição marcou um momento histórico para a política da África do Sul.

A eleição do ano passado foi a primeira ocasião em que o partido Congresso Nacional Africano (CNA), do qual Nelson Mandela fez parte, não atingiu a maioria no Parlamento e teve de negociar com adversários.

Ramaphosa foi eleito secretário-geral do CNA em 1991, na primeira convenção do partido após o apartheid, regime de segregação entre brancos e negros que vigorou na África do Sul por quase meio século.

Antes de ascender no partido, Ramaphosa liderou o Sindicato Nacional dos Mineiros e coordenou a realização de uma das maiores greves da história do país, em 1987, que levou ao fechamento de toda a indústria de mineração por três semanas.

Como presidente, promulgou em 2025 uma lei de desapropriação de terras que vem aumentando as tensões raciais na África do Sul. A medida desagradou aos sul-africanos brancos, que possuem 72% das terras agrícolas do país, mas são 7,3% da população.

Essa lei é a origem da disputa entre Ramaphosa e Trump. Segundo o presidente americano, a nova medida é racista, uma vez que os proprietários brancos seriam visados. Elon Musk, aliado próximo de Trump e de origem sul-africana, tem feito uma série de publicações na sua conta no X amplificando as afirmações falsas sobre o “genocídio branco”.

A legislação sancionada em janeiro tem o objetivo de diminuir discrepâncias na distribuição de terras, segundo o governo Ramaphosa. A lei atualiza texto de 1975 e reconhece a desapropriação como um ato legítimo para dar aos terrenos funções públicas. Ponto controverso é a possibilidade da não compensação, apenas em casos avaliados como excepcionais e sem acordo com o proprietário da terra.

O governo sul-africano afirma que a legislação vem sendo deturpada para criar pânico. As terras seriam apreendidas sem compensação apenas em casos raros, incluindo abandono ou se o proprietário usar o terreno como forma de especulação. Nesta quarta, um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da África do Sul disse que “não há confisco de terras” no país.

Em fevereiro, os EUA cortaram parte do financiamento destinado à África do Sul. Na semana passada, Washington concedeu o status de refugiado a 59 sul-africanos brancos sob a justificativa de que eles estariam sofrendo perseguição racial —algo que o governo sul-africano nega com veemência.

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